COMO VOCÊ DEFINIRIA O PAPEL DAS MÃOS NA CONSTRUÇÃO DA "VIDA"?
Obra de Drawing Hands M. C. Escher, 1948 lithograph, 28.2 × 33.2 cm
"DA CRIAÇÃO"?... (Michelângelo)
Mãos que, porque têm alma nos dedos, desenham conduzindo o pensamento a fixar-se no papel. Mãos desejantes, representando que o homem a si próprio produz. Que quando comovido ante o mundo se aventura a produzir[...].Faz isso de mãos dadas com a imaginação embrenhando-se nos campos da linguagem da arte. (Martins, 1998)
Mãos
As nossas mãos não são simples instrumentos do cérebro para realização de tarefas; elas são também delegadas para missões difíceis, delicadas, próprias do ser humano. Somente o homem tem mãos. O que os olhos não podem expressar, fazemos com as mãos. Elas exploram apalpam, vêem. As mãos recolhem, acolhem distribuem. Os olhos contemplam, as mãos agem falam, se manifestam. São elas que cumprimentam, acenam de longe, batem nas costas, aplaudem. As duas têm a mesma formação cultural, mas geralmente uma só sabe escrever. Jamais exploramos todas as potencialidades de nossas mãos. As mãos simbolizam o próprio “eu” da criatura. A personalidade nelas está gravada. Muito mais que na cara e no nome, nossa identidade está nas impressões digitais [...]. Na verdade, as mãos, as mãos guardam grandes mistérios. Elas são capazes de atos nobres, mas também podem espalhar desolação. As mãos podem salvar e matar. Espalhar sementes de amor e ódio, acariciar ou agredir, abrir-se em doação ou fecharem-se avarentas. Mas o ideal é que nossas mãos estejam sempre a serviço do BEM e da BELEZA, semeadoras de esperanças, amor e paz. (Luis Fernando Veríssimo, Jornal do Brasil. Revista de domingo, 1992)
As nossas mãos não são simples instrumentos do cérebro para realização de tarefas; elas são também delegadas para missões difíceis, delicadas, próprias do ser humano. Somente o homem tem mãos. O que os olhos não podem expressar, fazemos com as mãos. Elas exploram apalpam, vêem. As mãos recolhem, acolhem distribuem. Os olhos contemplam, as mãos agem falam, se manifestam. São elas que cumprimentam, acenam de longe, batem nas costas, aplaudem. As duas têm a mesma formação cultural, mas geralmente uma só sabe escrever. Jamais exploramos todas as potencialidades de nossas mãos. As mãos simbolizam o próprio “eu” da criatura. A personalidade nelas está gravada. Muito mais que na cara e no nome, nossa identidade está nas impressões digitais [...]. Na verdade, as mãos, as mãos guardam grandes mistérios. Elas são capazes de atos nobres, mas também podem espalhar desolação. As mãos podem salvar e matar. Espalhar sementes de amor e ódio, acariciar ou agredir, abrir-se em doação ou fecharem-se avarentas. Mas o ideal é que nossas mãos estejam sempre a serviço do BEM e da BELEZA, semeadoras de esperanças, amor e paz. (Luis Fernando Veríssimo, Jornal do Brasil. Revista de domingo, 1992)
Mãos dadas
Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria,
o tempo presente,
os homens presentes,
a vida presente.
Sentimento do mundo
Tenho apenas duas mãos
Tenho apenas duas mãos
e o sentimento do mundo,
mas estou cheio de escravos,
minhas lembranças escorrem
e o corpo transigena confluência do amor.
Quando me levantar, o céu
Quando me levantar, o céu
estará morto e saqueado,eu mesmo estarei morto,
morto meu desejo, morto
o pântano sem acordes.
Os camaradas não disseram
Os camaradas não disseram
que havia uma guerra
e era necessário
trazer fogo e alimento.
Sinto-me disperso,
anterior a fronteiras,
humildemente vos peço
que me perdoeis.
Quando os corpos passarem,eu ficarei sozinho
Quando os corpos passarem,eu ficarei sozinho
desfiando a recordação
do sineiro, da viúva e do microscopista
que habitavam a barraca
e não foram encontrado
sao amanhecer
esse amanhecer
esse amanhecer
mais noite que a noite.
(Carlos Drummond de Andrade)
Disponível em:
BIBLIOGRAFIA:
LEITÃO, A. Ramos. Iniciação à arte: roteiro para aulas.São Paulo: Globo, 2006.
MARTINS, Mirian Celeste Ferreira Dias. Didática do ensino de arte.São Paulo:FTD, 1998.