Edvard Munch - O grito
Entre as vantagens de estudar filosofia pode-se mencionar a habilidade de pensar logicamente, de analisar e resolver problemas.
Chauí (2002) propõe que imaginemos alguém que tomasse uma decisão muito estranha e começasse a fazer perguntas inesperadas. Em vez de “que horas são?”, perguntasse o que é o tempo? Em vez de gritar “mentiroso!”, questionasse o que é a verdade? O que é o falso? O que é o erro? Quando existe ilusão e por quê?
Alguém que tomasse essa decisão estaria tomando distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar uma atitude filosófica. Estaria tomando a decisão de não aceitar como óbvias as idéias e questionamentos de nossa existência.
Nesse sentido Carlos Drummond denuncia as imensas contradições do homem:
“Mas que coisa é o homem
Que há sob o nome:
Uma geografia?
Um ser metafísico?
Uma fábula sem
Signo que a desmonte?
Como pode o homem
Sentir-se a si mesmo,
Quando o mundo some?
............
Há alma no homem?
E quem pôs na alma
Algo que a destrói?
Para que serve o homem?
Para estrumar flores,
Para tecer contos?
Que milagre é o homem?
Que sonho, que sombra?
Mas existe o homem?
Mas será que tudo isso é mesmo útil?
Sobre essa questão Fernando Pessoa responde traduzindo, em sua poesia, a inutilidade da filosofia:
“Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há idéias apenas.
Há só cada um de nós, como um cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela”.
Tudo depende do modo como a noção de utilidade é compreendida. A filosofia não produz nenhum benefício imediato, não serve para construir casas, não torna a vida mais fácil. Entretanto nem tudo que parece inútil é desnecessário. Semelhantemente à arte a filosofia desconfia do mundo tal qual como o conhecemos, preparando o terreno para construção de outros mundos.
É POSSÍVEL?...QUUUUAIS???... QUUUUANDO???...COOOOMO???...OOOOONDE???...
BIBLIOGRAFIA:
CHAUÍ,Marilena. Filosofia.São Paulo: Ática, 2002.
FEITOSA, Charles. Explicando a Filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.
SOUZA, Sonia Maria Ribeiro de.Um outro olhar:filosofia. São Paulo: FTD, 1995.