Professora Maria Perpétua Teles Monteiro
mperpetuatm@yahoo.com.br

domingo, 9 de novembro de 2008

Formação Continuada/Arte Contemporânea- Dia 08/11/08

LIVRO DO ARTISTA
Livro de Artista
os livros de artista são uma especie de livros-objeto que não possuem a mesma função e vão além do conceito livro para se assumirem como objetos de arte. São objetos produzidos por artistas, são unicos e possibilitam a aproximação real, tatil e visual com a produção do artista.
LIVRO DO ARTISTA FOI UMA DAS ATIVIDADES SOLICITADAS PELO PROFESSOR PARA ENCERRAMENTO DO CURSO.




Para informações sobre Caderno do artista acesse:
http://www.livrodeartista.blogspot.com/

DIREITO HUMANO À PAZ/EDUCAÇÃO PARA PAZ


DIA 01/11/08 ARTE CONTEMPORÂNEA

A aula do Curso de Arte Conteporânea do dia de hoje foi marcada pela atividade com Desenhos de sombras. No espaço externo da UFPE os professores participantes do curso tiveram a oportunidade de desenvolver um olhar contemplador e a partir dele construir seus desenhos de sombra.
"Uma linguagem - quatro olhares"

Certo dia Degas, conversando com Paul Valéry, perguntou-lhe: “Mas afinal o que você entende por desenho?” Ele respondia com seu célebre axioma: “O desenho não é a forma, é a maneira de ver a forma” 1. Essa forma de que Degas falava era o “modo de ver as coisas”, e não o modo de reproduzi-las. A exposição "Uma linguagem - quatro olhares" traz esse modo de ver as coisas que Degas falava, os quatro artistas buscam uma linguagem a partir do desenho, entretanto, em quatro visões diferentes.
1 VALÉRY, Paul. Degas Dança Desenho. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.p.159. 2 Donato, Adriana. Sombra Projetada sobre o corpo. Monografia de conclusão de curso - Bacharel em Artes Plásticas – Habilitação em Desenho, Instituto de Artes - UFRGS, 2006. 3 BAXANDALL, Michael. Sombras e luzes. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1997. p. 84. 4 DUBOIS, Fhilippe. O ato fotográfico. Campinas, São Paulo: Papirus, 1993.p.120.
A pesquisa Sombra Projetada2 surgiu a partir do mito do desenho de sombra. No relato de Baxandall3, o Velho Plínio contou a história da mulher que inventou o desenho, capturando a imagem ao delinear a sombra lançada de seu amante na parede. Em função disso, surgiu o discurso entre a imagem e o conceito de Sombra. Aqui se percebe a ausência de um corpo. Isso se completa com pensamento de Leonardo da Vinci, “A sombra afirma sempre um isso está ali. Enquanto o desenho de sombra afirma sempre isso esteve ali” quatro. Nesta exposição as figuras foram desenhadas a partir de Sombras, o que nos dá indício de que isso está ali, a dúvida é: se está presente ou ausente?
Por que as sombras? A sombra está relacionada com a nossa percepção, ou seja, aquilo que vemos ou cremos que estamos vendo, a imagem que nos faz crer sem ver, o conhecimento imperfeito do objeto que Platão falava. E por que ele teria escolhido a sombra como um símbolo para contar o mito da caverna? Será a ausência de luz, que pode ter relação com a ausência de informação ou conhecimento? Ou pelo objeto que a projeta, que não é visível?
A obra de Claudia Hamerski compõe desenhos de árvores numa busca pela sua re-significação, no qual a experimentação de novos suportes é também um desafio. Suas imagens são produzidas a partir de fotografia, que ela própria faz, a imagem é captada no mesmo ângulo, eleito o mais interessante para o seu trabalho – de baixo para cima – como sendo um desejo de um olhar que vai além. Talvez esse impulso acabe por refletir em sua obra, já que seu desenho traz essa impressão, de algo que transborda, parecendo perder limites.
Seu objetivo é criar a sensação de desencontro, galhos estruturados em imagens que levam as outras imagens, conexões conceituais, entre uma coisa e outra. Alguns conseguem ver cérebro nestes desenhos, estrutura fractal talvez, cópias reduzidas de um todo, há quem considera imagens misteriosas. Todavia poderia dizer-se aqui, que essa estrutura é enigmática, porque o todo funciona como um só, e cada um é parte de um todo. O menor detalhe reflete ao conjunto, bem como um poderia estar sozinho, sem perder seu significado.
Disponível em :
http://www.fundacaoecarta.org.br/galeria/Texto_4olhares.pdf

Acesse: http://www.claudiahamerski.blogspot.com/


Uma outra atividade realizada foi sobre as garatujas onde se trabalhou o "desenho das crianças" e seus estágios de desenvolvimento e evolução.


Luquet Distingue Quatro Estágios:

1- Realismo fortuito: começa por volta dos 2 anos e põe fim ao período chamado rabisco. A criança que começou por traçar signos sem desejo de representação descobre por acaso uma analogia com um objeto e passa a nomear seu desenho.
2- Realismo fracassado: Geralmente entre 3 e 4 anos tendo descoberto a identidade forma-objeto, a criança procura reproduzir esta forma.
3- Realismo intelectual: estendendo-se dos 4 aos 10-12 anos, caracteriza-se pelo fato que a criança desenha do objeto não aquilo que vê, mas aquilo que sabe. Nesta fase ela mistura diversos pontos de vista ( perspectivas ).
4- Realismo visual: É geralmente por volta dos 12 anos, marcado pela descoberta da perspectiva e a submissa às suas leis, daí um empobrecimento, um enxugamento progressivo do grafismo que tende a se juntar as produções adultas.
Marthe Berson distingue três estágios do rabisco:
1 - Estágio vegetativo motor: por volta dos 18 meses, o traçado e mais ou menos arredondado, conexo ou alongado e o lápis não sai da folha formando turbilhões.
2 - Estágio representativo: entre dois e 3 anos, caracteriza-se pelo aparecimento de formas isoladas, a criança passa do traço continuo para o traço descontinuo, pode haver comentário verbal do desenho.
3 - Estágio comunicativo: começa entre 3 e 4 anos, se traduz por uma vontade de escrever e de comunicar-se com outros. Traçado em forma de dentes de serra, que procura reproduzir a escrita dos adultos.
Em Uma Análise Piagetiana, temos:
1 - Garatuja: Faz parte da fase sensório motora ( 0 a 2 anos) e parte da fase pré-operacional (2 a 7 anos). A criança demonstra extremo prazer nesta fase. A figura humana é inexistente ou pode aparecer da maneira imaginária. A cor tem um papel secundário, aparecendo o interesse pelo contraste, mas não há intenção consciente. Pode ser dividida em:
• Desordenada: movimentos amplos e desordenados. Com relação a expressão, vemos a imitação "eu imito, porém não represento". Ainda é um exercício.

• Ordenada: movimentos longitudinais e circulares; coordenação viso-motora. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, pois aqui existe a exploração do traçado; interesse pelas formas (Diagrama).
Aqui a expressão é o jogo simbólico: "eu represento sozinho". O símbolo já existe. Identificada: mudança de movimentos; formas irreconhecíveis com significado; atribui nomes, conta histórias. A figura humana pode aparecer de maneira imaginária, aparecem sóis, radiais e mandalas. A expressão também é o jogo simbólico.
2 - Pré- Esquematismo: Dentro da fase pré-operatória, aparece a descoberta da relação entre desenho, pensamento e realidade. Quanto ao espaço, os desenhos são dispersos inicialmente, não relaciona entre si. Então aparecem as primeiras relações espaciais, surgindo devido à vínculos emocionais. A figura humana, torna-se uma procura de um conceito que depende do seu conhecimento ativo, inicia a mudança de símbolos. Quanto a utilização das cores, pode usar, mas não há relação ainda com a realidade, dependerá do interesse emocional. Dentro da expressão, o jogo simbólico aparece como: "nós representamos juntos".
3 - Esquematismo: Faz parte da fase das operações concretas (7 a 10 anos).Esquemas representativos, afirmação de si mediante repetição flexível do esquema; experiências novas são expressas pelo desvio do esquema. Quanto ao espaço, é o primeiro conceito definido de espaço: linha de base. Já tem um conceito definido quanto a figura humana, porém aparecem desvios do esquema como: exagero, negligência, omissão ou mudança de símbolo. Aqui existe a descoberta das relações quanto a cor; cor-objeto, podendo haver um desvio do esquema de cor expressa por experiência emocional. Aparece na expressão o jogo simbólico coletivo ou jogo dramático e a regra.
4 - Realismo: Também faz parte da fase das operações concretas, mas já no final desta fase. Existe uma consciência maior do sexo e autocrítica pronunciada. No espaço é descoberto o plano e a superposição. Abandona a linha de base. Na figura humana aparece o abandono das linhas. As formas geométricas aparecem. Maior rigidez e formalismo. Acentuação das roupas diferenciando os sexos. Aqui acontece o abandono do esquema de cor, a acentuação será de enfoque emocional. Tanto no Esquematismo como no Realismo, o jogo simbólico é coletivo, jogo dramático e regras existiram.
5 - Pseudo Naturalismo: Estamos na fase das operações abstratas (10 anos em diante)É o fim da arte como atividade expontânea. Inicia a investigação de sua própria personalidade. Aparece aqui dois tipos de tendência: visual (realismo, objetividade); háptico ( expressão subjetividade) No espaço já apresenta a profundidade ou a preocupação com experiências emocionais (espaço subjetivo). Na figura humana as características sexuais são exageradas, presença das articulações e proporções. A consciência visual (realismo) ou acentuação da expressão, também fazem parte deste período. Uma maior conscientização no uso da cor, podendo ser objetiva ou subjetiva. A expressão aparece como: "eu represento e você vê" Aqui estão presentes o exercício, símbolo e a regra.

Acesse: http://www.profala.com/arteducesp62.htm