Professora Maria Perpétua Teles Monteiro
mperpetuatm@yahoo.com.br

sábado, 25 de outubro de 2008

DIREITO A SER TRATADO COMO PESSOA(click)


Atividades do dia 22/10/2008 referentes à segunda etapa do Projeto Tecendo cidadania quando estamos discutindo o artigo VI da Declaração Universal dos Direitos Humanos.Os grupos que se apresentaram discutiram a cidadania da criança, da pessoa com necessidades educacionais especiais, do homossexual, da mulher,do idoso e do índio.Os alunos trataram os assuntos numa abordagem histórica da negação e luta pelo direito.

Enquanto representação da sociedade brasileira temos, na escola, toda diversidade que a sociedade apresenta e em alguns casos nossos alunos apresentaram seus trabalhos como cidadãos representantes dos grupos que estavam sendo estudados.As apresentações, do dia, foram assistidas e avaliadas pelos alunos dos primeiros anos. Essas atividades têm sido sempre muito gratificantes. É maravilhoso acompanhar o crescimento dos meninos, dos que expõe e dos que assistem. O exercício da cidadania acontecendo no direito de ser pessoa, de ser respeitado como pessoa nas diferenças, algumas vezes nas inquietações, mas muito mais no controle, na auto estima, na postura,no uso da palavra... Legal demais. Só posso agradecer a Deus a oportunidade de perceber e crescer junto.

Arte contemporânea/O desenho e a arte-DIA 15/10/08

Uma das atividades realizadas nesse encontro deu-se a partir do vídeo do Projeto Arte na Escola " O artista e eu" com apresentação do trabalho de Dante Velloni
Assim o artista se apresenta no Cnpq:Graduado em Licenciatura em Educação Artística Habilit. Plena em Artes Plásticas pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo (1977), onde foi também professor, e Mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (1991). Atualmente é professor adjunto de História da Arte na Universidade de Ribeirão Preto, professor de Plástica da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Artes do Centro Universitário Moura Lacerda e também professor visitante do Museu de Arte Contemporânea, atuando principalmente nos seguintes temas: plástica, história da arte, desenho e pintura. Como artista plástico tem participado de exposições individuais e coletivas no Brasil e no Exterior, a exemplo de suas exposições individuais no Centro Cultural Infraero de São Paulo e na Galeria Portinari da Embaixada do Brasil em Roma. (dantevelloni@bol.com.br)
Retiramos alguns fragmentos da da reflexão de Dante Velloni sobre "O desenho e a arte" publicado em: http://www.artenaescola.org.br/pesquise_artigos_texto.php?id_m=45.

DESENHAR É FÁCIL?

Desenhar é muito fácil! A gente desenha a todo o momento.
Eu estou desenhando estas letras. Eu estou desenhando estas palavras e linhas. Meu gesto é o próprio desenho no espaço. Meu passo, que me faz andar, cria desenhos instantâneos e efêmeros com meu corpo neste mesmo espaço. Compasso. Cadência da andança. A dança. O ritmo desordenado que compõe o perfil da cidade. O sky-line. As nuvens, os relâmpagos e os trovões.
Meus olhos percorrem o vazio. O percurso feito pelos meus olhos desenha o nada. E se eu gravasse sobre uma superfície esse percurso, essa trajetória no vazio, para que outros também pudessem ver da mesma maneira que eu vi? Isto é o desenho.

Desenho é o registro visual das imagens que eu vejo ou imagino. Portanto, para mim, o desenho passa a existir a partir do momento em que começo a olhar e compreender a forma do objeto que vou desenhar. Depois, só preciso registrá-lo através da pressão de um material sobre uma superfície. Minha mão deve simplesmente responder obediente e servil aos impulsos dos meus desejos.

O QUE ME FAZ DESENHAR AINDA HOJE?

Um impulso estranho tenho eu, quando possuo nas mãos uma ponta mais resistente que uma superfície próxima. Tenho vontade de calcar, de rasgar, de gravar, de grafitar, enfim, de rabiscar uma imagem qualquer.

Às vezes essa superfície é uma parede, uma nota de dinheiro, um elevador, um poste ou um papel. Não importa, quero desenhar, porque depois disso tenho um sentimento de posse sobre a imagem. É como se eu a possuísse na realidade. Agora ela é minha!

ENTÃO, SOU UM HOMEM DAS CAVERNAS DO SÉCULO XX ?

Às vezes me vejo como um homem Paleolítico que mora num edifício construído com alta tecnologia contemporânea. Percorro pela história do homem e da sua arte e vejo que minha postura não mudou muito diante do fazer desenho.

QUAL A CHAVE QUE ABRE A PORTA DO DESENHO E DA ARTE?

Não se consome concretamente a arte. Consome-se a idéia de arte. Consome-se o significado da arte. Símbolo! Hoje, ao fazer arte/desenho não tenho aquele mesmo compromisso de nossos ancestrais. Não preciso reproduzir necessariamente imagens da natureza. Não preciso ter um comportamento mimético diante dela.

ANIMAIS SABEM DESENHAR?

Elefante, pato, cobra e cavalo não são capazes de desenhar. E não é porque não conseguem segurar o lápis com a pata. Eles não criam nem consomem símbolo. Aliás, eles nem sabem o que é símbolo. Eles não conseguem construir significado subjetivo de uma representação material sobre algo imaterial. Complicado, né?

A FOTOGRAFIA NÃO “DESENHA” MELHOR QUE EU ?

Para alguns grupos de artistas mais conservadores, autodenominados de acadêmicos, a representação da realidade através do desenho, especialmente a representação da natureza, não foi abalada com o desenvolvimento da fotografia que vem acontecendo desde o século XIX.

Consumada como meio instantâneo de reprodução visual da realidade, que até então era feita através do desenho e da pintura, a fotografia abriu a possibilidade de se questionar a validade do desenho de representação renascentista então utilizado. Para quê desenhar?
O que é o desenho?

O DESENHO ESTRUTURAL E A ABSTRAÇÃO PURA NÃO POSSUEM SIGNIFICADO?

Possuem sim. A forma pode ser o conteúdo dela mesma. Sua forma é o significado de si mesma, isto é, uma arte auto-referente (metalingüística), pois se refere à sua própria linguagem.

Às vezes a pintura é simplesmente o desenho pintado e o desenho é simplesmente a pintura desenhada.

O conteúdo do desenho/pintura é, enfim, aquilo que se pretende conceber e representar na mente e no coração, pra si e para os outros.
Desenhar é perceber espaço e para cada percepção não existe um certo nem um errado.

A chave que abre essa porta só começa a girar quando nos libertamos de certos juízos estereotipados pelo meio conservador e auto-impostos pelo medo de sermos avaliados.

Isso só se dá com a liberdade e o desejo de se querer existir através da arte. Portanto, se eu quero, eu posso desenhar. Meu desenho pode vir-a-ser.

Bem, é aí que está seu álibi para desenhar. Você também pode desenhar! Aliás, você gosta de desenhar? Essa é a história. A nossa história.

Penso que as considerações do Dante podem nos ajudar enquanto educadores a compreender e encontrar espaço para um trabalho mais atrativo com a arte contemporânea no espaço escolar. Talvez nos ajude a superar a busca pelo visível, palpável, compreensivo, figurativo, determinado. Talvez essa seja uma das razões pelas quais estamos aqui.