Sobre a oficina e o escritor Cícero Belmar:
Com base em sua experiência como jornalista e escritor, Cícero Belmar parte do princípio de que é preciso colocar a criança em contato com a literatura para garantir o leitor do amanhã. Ele acha importante essa atitude dos pais e professores no atual momento em que se diz que as mídias virtuais irão superar a forma impressa. Para ele, o cerne da questão não é o tipo de mídia, mas o estímulo para a leitura, que é previsto ocorrer desde cedo. E isso serve tanto para os jornais quanto para os livros.
Atualmente editor do suplemento infantojuvenil Galera JC, o autor de romances e peças de teatro para crianças e jovens defende em sua oficina a ideia de que a criança que lê e tem contato com a literatura desde cedo é beneficiada na vida como um todo.
Segundo o jornalista e escritor, a criança que lê aprende melhor e apreende melhor o mundo. Ela também tende a se relacionar melhor, por que irá se comunicar de uma forma mais satisfatória, pois desenvolve a criatividade e adquire cultura. Esses ideiais fazem parte da oficina que, no entanto, não é direcionada para o público infantil e sim para professores e para estudantes que se interessem pela literatura, que servirão como protagonistas no processo de estímulo à leitura.
BONITA DEMAIS
Cícero Belmar
Paulinha sabia ser simples e elegante ao mesmo tempo. Tinha uma simpatia espontânea, mas vinha dela uma força natural, que lhe dava certa formalidade. Tratava todo mundo bem, com consideração, mas sem derramamentos ou intimidades. Quem a via, enxergava uma mulher plena, de bem com a vida, radiante. Naquela sexta-feira ela estava especialmente feliz: iria viajar no final de semana prolongado com os dois filhos, ainda crianças. Preferiu não ir de carro, uma vez que a viagem duraria pelo menos cinco horas e ela não queria se arriscar na direção pela rodovia movimentada. Despediu-se dos colegas de trabalho, sorridente, dizendo graças a Deus, uma folga, ficarei com meus filhos esses três dias. Eu ainda tive vontade de lhe dizer o quanto ela estava bonita, com uma energia leve, contagiante. Mas, por timidez ou por limitação espiritual, não o disse. Tenho dificuldades de elogiar, acho que posso ser confundido, ou tenho insegurança talvez, medo de parecer idiota, fraco. Hoje, diante dessa notícia tão trágica, jogo sobre os ombros a sensação de um prejuízo irreparável. Eu poderia apenas ter dito simplesmente: você é bonita demais.
(Retirado de: http://www.suplementopernambuco.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=278:ineditos-de-cicero-belmar&catid=10:ineditos&Itemid=4 )
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