Professora Maria Perpétua Teles Monteiro
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sexta-feira, 23 de julho de 2010

É MANHÃ NO FESTIVAL DE INVERNO DE GARANHUNS

O Festival de Inverno é assim, muitos esperam a noite para prestigiar grandes atrações, mas quem passeia pela cidade durante o dia por elas é o tempo todo interpelado a ver um pouco mais. Aqui a atração tomou a Avenida Santo Antônio ladrilhando-a com pedrinhas da cultura brasileira. É o caboclinho “TRIBO CANINDÉ “ de Camaragibe/PE. O grupo busca a atenção dos trazeuntes executando coreografias variadas e passos que muito exigem dos dançarinos. A música ligeira e leve executada por pífanos, reco-reco e ganzás a que se acrescenta o estalo das flechas e arcos é um atrativo que junto ao colorido dos trajes faz parar quem passa sem grandes pretensões.




Lembrei repentinamente, minha avó RITA CRISTÁLIA, a quem os pais passaram a chamar “cabocla” pois não era tão branca quanto os demais da família. Minha avó, sempre me falava dessa história, às vezes com tristeza, outras com orgulho. Era neta de uma índia que, segundo contaram seus pais, tivera sido pega “a dente de cachorro”. Falava-me com saudade da avó que nunca conhecera mais que suas histórias claramente encheram seu imaginário, também o meu de criança, adolescente, mulher, cidadã. Fiquei muitas vezes imaginando o que é alguém ser pego “a dente e de cachorro” e na parede do quarto, que refletia o movimento da nuvens, pintei muitas vezes a cena. CABOCLINHOS são os filhos dos Caboclos- aqueles brasileiros que nasceram da mistura de branco com índio, porém minha avó raramente se entendia assim quando se denominava cabocla, quando assim o fazia se referia a dons que acreditava ter e que a faziam afirmar “isso é coisa de caboclo!”. Da história sempre soube, mas a dança nunca tinha visto com tanta prioridade, apesar de saber que o CABOCLINHO é uma dança indígena e quem sabe a mais antiga do BRASIL, com registros que datam de 1584. Vê-los passar pela avenida apresentando sua história e sua origem/resistência fez-me pensar no país, tão desconhecido , distante e presente , apesar de democrático e de direitos em que vivemos.
Se o grupo encheu a rua com seu bailado, encheu também meu imaginário de mestiça, também cabocla, de idéias e ideais.


ACESSE:http://www.nacaocultural.pe.gov.br/caboclinho

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