Professora Maria Perpétua Teles Monteiro
mperpetuatm@yahoo.com.br

sábado, 13 de dezembro de 2008

RESULTADO DO CONCURSO DE PRODUÇÕES TEXTUAIS: 60 ANOS DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

O ganhador do prêmio de redação sobre os 60 anos da declaração universal dos direitos humanos, promovido pelo Projeto Tecendo Cidadania foi José Elimário Cardozo da Silva aluno do 2º ano "C". Segue o texto produzido por Elimário e outros textos de alunos que também concorreram ao prêmio.


60 anos da declaração
Elimário Cardozo

I
Com licença meu leitor
Peço a compreensão
Pra nos versos que se seguem
Falar da declaração
É um assunto de importância
Preste muita atenção
II
A minha cidadania
Vou tecendo a cada verso
Espero que você goste
É com muito amor confesso
Leia até a última linha
É só isso que aqui lhe peço
III
Os direitos foram surgindo
Junto com a necessidade
Deixando vários tratados
Pra toda humanidade
O primeiro deles é
O código de Hamurábi
IV
Falando em seus artigos
De justiça e proteção
Protegendo os mais fracos
Dando remuneração
Pra qualquer forma de trabalho
Sem a descriminação
V
Também tem os mandamentos
Que rege a vida do cristão
Esses são 10 e representa
Deus e homem em comunhão
Trazendo preceitos éticos
É boa orientação
VI
Zoroastro e Confúcio
Traz princípios que ajuda
A viver na igualdade
Mas não se esqueça de Buda
Que também explica bem
O que é boa conduta
VII
Tudo que aqui falei
Contribuiu com certeza
Mas não posso esquecer
Da Revolução Francesa
Dividiu a nossa história
Foi também uma beleza
VIII
Grande foi a jornada
Pra chegar aonde chegamos
Brigando pelos direitos
E continuarmos lutando
Com um mundo de igualdade
Continuarmos sonhando
IX
No dia dez de dezembro
Sessenta anos atrás
Eis que surgi o triunfo
Daqueles que querem paz
Acreditam num mundo justo
E fraternidade buscam mais
X
Viva os sessenta anos
Da nossa declaração
Fruto de anos de batalha
De quem usou da razão
Para que hoje todos pudessem
Ser de fato cidadão
XI
Muito se pode encontrar
Na historia da humanidade
Falando sobre as lutas
Pra se formar uma sociedade
Que estivesse enraizada
No conceito de igualdade
XII
A declaração diz que todos
Tem o direito de viver
Viver com dignidade
Desde criança até crescer
Sendo tratado como pessoas
Com tudo que se pode ter
XIII
Para que possa ser pessoa
Seu direito é preservado
Idoso negro ou menor
Sendo sempre respeitado
Racismo ou exploração
Não deve ser praticado

XIV
Nosso índio nossa gente
Dos habitantes o primeiro
Deve sempre ser respeitado
Esse povo tão guerreiro
Pra defender o seu espaço
Lutou até com estrangeiro
XV
A nossa declaração
Fala também de liberdade
Liberdade sempre junto
Com responsabilidade
Ligado a outro valor
Que é solidariedade
XVI
A declaração fala de tudo
Fala de nacionalidade
No sentido de nação
E também da identidade
Da cultura de um povo
E o beneficio da arte
XVII
Toda e qualquer pessoa
Com qualquer deficiência
Seja física ou mental
Tem direito a assistência
Não merece o preconceito
De alguém sem consciência
XVIII
Se o objetivo é igualdade
Falo de oportunidade
Essa deve ser a mesma
Em qualquer comunidade
Moradia e trabalho
Também escolaridade
XIX
Tendo o direito a paz
A violência não assusta
Ela não mais existirá
Vai dar lugar a ordem justa
XX
Com esse meu cordel
Trago a declaração
Que para poder ser cumprida
Necessita de ação
XXI
Necessita que o governo
Cumpra sempre seu papel
Pra preservar os direitos
Mencionados no cordel
XXII
Espero que essas palavras
Abram bem a sua mente
Seja um grande cidadão
Seja sempre consciente




Declaração Universal dos Direitos Humanos, 60 anos
Raphaella Gonçalves

Através da poesia
Eu venho lhe contar
Dos 60 anos e do tema
Resumidos neste lugar
Da história e dos problemas
Dificuldade era o dilema
Que você nem pode imaginar.

Lá no século XVIII
Antes de Cristo foi feito
O código de leis de Hamurabi
Rei da Babilônia ou prefeito
Onde instituía
A proteção das viúvas
Dos órfãos indefesos.

Na civilização Egípcia
Havia preocupação com a justiça
Agiam com imparcialidade
Promovendo harmonia e prosperidade
Para os povos que ali vivia.

No mundo dos Gregos e Romanos
Cidadania era de poucos
Mulheres, escravos e estrangeiros
Nem sabiam o que eram direitos
As leis excluíam desses meios

Você pode nem acreditar
Mas a Revolução Francesa
Mudou daqui até lá
Numa plena sociedade
Para o conceito dos direitos
Garantia o respeito
Para essa bela sociedade

Mas durante a Segunda Guerra
Pelos atos de racismo e intolerância
Houve impacto causado pela terra
Que afetou até uma criança
Quem viveu naquela época
Sabe falar de tamanha ignorância
Pacto dos Direitos Civis e Políticos
Na Brasil Foi assinado
Com muita luta e garra
Na constituição incorporado
Pelo Governo Federal
Em 1992 finalmente reafirmado
E agora cobrindo todo Estado.

Resolvido então o pacto
De uma declaração
Onde todo cidadão
Teria seu direito comprido
Pelo pacto envolvido.

Os 60 anos da Declaração
É do tema que agora eu falo
Garante a condição
Do ser humano ser cidadão
Dentro do País e do Estado.

Essa declaração vale pra valer
Ela cobre a educação
Saúde e lazer
Direito de ser pessoa
Basta exercer
A alimentação e
De ser livre pra viver

Comemoro os 60 anos
Alegre e satisfeito
Porque agora eu sei
O que é ser cidadão
O que é ter Direito

É ser livre de pensamento
Ter paz e respeito
Por todos aqueles
Que uns dizem ter “defeitos”
É ser capaz de compreender
Da luta que foi,
Até chegar aqui desse jeito

E triste que me despeço
Dessa história que narrei
Mas é com prazer
Que eu digo que tentei
Passar informação
Alegria e compaixão,
Para toda essa nação
De como é ter direito e ser cidadão.



Realidade
Priscylla Ramos

Vivemos em um mundo
Onde há muita ficção
Todos daqui são felizes
E não há corrupção
Aqui ninguém é assaltado
Não existe arma na mão
Muitas vezes é só isso
Que agente ouve dizer
Mas essas são as pessoas
Que a verdade querem esconder
E é essa a realidade que temos que conviver
Há pessoas nesse mundo
Que não possuem um lar
Que passam fome nas ruas
Que não sabem o que é amar
“Dias melhores virão
É o que querem acreditar”
Podemos mudar o mundo
É difícil, nós sabemos
Mas é preciso tentar
Por que agora podemos
Será fácil com ajuda de todos
Um mundo melhor faremos.



VIDA POR UM FIO
Jeanynni Fortunato


Não me impeça de ser livre
De ditar meu destino
Escolher meu futuro
Não tente abafar minha voz
Pois o que verdadeiramente sou
Não se cala
Eis meu direito
A divindade que me criou
É a única a quem me deixou levar
Deixe-me ao menos seguir meu destino
Mesmo que este não exista
Deixe-me criá-lo
Não me tire a respiração
Pois por tua ação
Deixas claro
Que em teu peito não habita um coração
Arrependimentos não servem
Para acalentar a dor da autopunição
Não posso mudar o fato
De que a minha vida está em tuas mãos
Mas digo-te apenas
Que jamais mandarias
Em minha alma
(muito menos)
Em meu coração.



GENOCÍDIO
Júlia Dayana


Fomos mortos
Escravizados, torturados
Tratados como inferior
Havia algo no tom da pele
Algo que não estava lá, de onde vim
De onde eu vim
Eu era rei
Comia de tudo
De tudo fazia
Pois lá, eu era humano
Me arrancaram de lá
Me trouxeram pra cá
Só viram os meus músculos
Pra serem expostos no tronco
Pra cortar cana no pé
Sem alegria
Minha única euforia
Era nas rodas de capoeira
Depois dos restos de comida
Com feijão gostoso que nossas mulheres faziam
Era comida diferente
Que virava a lavagem que me davam
Mesmo assim
Me acostumei aqui
Ensinei o que sabia
Contos, danças, palavras, o som do tambor,
A honra dum guerreiro
Fiz o que podia
E no fim de tudo
Sem querer vi
Que aqui, construí uma NAÇÃO
UMA NAÇÃO QUE HOJE PERDE A VERGONHA
DE SI DIZER ZUMBI.




Negro branco, branco negro
Welison Marlos


Por que o negro quer ser branco?
Por que o branco quer ser negro?
São iguais?
Não
São diferentes
Ninguém é igual a ninguém
É pela lei que devem ser tratados como iguais


Em tudo se faz distinção
Em cotas são raça distinta
Como raposa e ave
Mas o que há de diferente em nós?
A cor! Ah! Sim, a cor
Mas só na cor
Sim, só a cor


Enquanto uns se clareiam
Outros se bronzeiam
Onde está a distinção?
Junto com a miscigenação.
Lá está o negro branco
Lá está o branco negro.




O VALOR
Aline Micaela e Paloma dos Santos

Se não existir respeito
Se não existir valor
A vida acaba aqui mesmo
E perdermos tudo que se conquistou

O homem acha que basta entender
A junção de alguns elementos
Para fazer a vida crescer
E começar a existir em todos os momentos
Mas isso não é suficiente para fazê-lo compreender

Toda vida tem valor
Todas elas são iguais
Temos que tratá-las com amor
O que supera todos os bens materiais

Não adianta matar ninguém
Para ensinar o valor que a vida tem
E depois pensar que tudo está resolvido
Matar não traz solução, não importa a quem
Troque a raiva por um sorriso

Se continuar com tudo isso
O precioso vai virar inútil
Os direitos não serão cumpridos
O valor será trocado pelo fútil

Não vale fazer a guerra
Por interesses tão banais
Não é essa a vida que agente espera
Derramar lágrimas pelos fatos reais

Não é acreditando na morte
Que o homem vai resolver tudo
Em nome do valor da vida eu digo
A violência não te trará de volto para o mundo


Temos um caminho a seguir
Que para ser glorioso é preciso agir
Indiscutivelmente
Precisamos defender o direito à vida
Para da destruição fugir.

Direito à vida
Kelvin Alesy


Lute pelo seus direitos
Para ter uma vida melhor
Sem eles você não é nada
No mundo ao seu redor


Ninguém tem o direito de tirar a vida de outra pessoa
Nem a outra pessoa a vida de alguém
A vida é nosso bem mais precioso
É o que nos garante ser alguém


Tem gente que tira vidas
Por dinheiro, lucro e herança
Há pessoas que tiram vidas
Só em busca de vingança


Ninguém tem direito de matar
Só para obter riqueza
Pois não sabe o que vem de troco
Ódio, vingança e tristeza

Todo mundo quer
Dinheiro, alegria e muito mais
Mas o importante
É uma vida com amigos, saúde e paz.



Negro, a face de uma mente triste...
Jucilene Sales


Sou a lágrima que mais cai em um rosto triste
Sou o sorriso falso que às vezes tive que fazer
Sou como uma crueldade feita a um inocente
Sou aquele que faz alguém chorar...

Sou aquele que percorre a rua assustando a todos
Nem sei por que motivo...
Sou aquele que tem liberdade dentro de uma prisão
Sou aquele pássaro que nunca voou
Sou uma criança frágil que tem medo do mundo

Sou aquele que nunca se expressou
Por que não pode
Sou aquele que nunca gritou de alegria
Por que não teve
Sou aquele que viu a tristeza de perto

Sou aquele que é culpado por tudo, mesmo inocente
Sou aquele que fugiu pra não morrer
E morreu por que fugiu
Sou aquele que foi castigado
Por que sorriu e não podia

Sou aquele que tentou ter direitos
Para que não fossem cumpridos
Sou aquele que chegou até aqui
Sem palavras
Pois sou simplesmente
Aquele que nasceu negro.


O Grito da Educação
Juliana Albuquerque

O silêncio foi rompido, ouve-se um grito agudo, mas poucos param para ouvir.
_ É uma injustiça, exijo meus direitos! Será possível que ninguém me ouve?
Era a Educação, berrando aos quatro ventos a sua indignação. De repente, se ouve uma outra voz, que para a Educação era bastante familiar.
_O que é isso, já se esqueceu de mim?
E a Educação, como para confirmar suas suspeitas, pergunta:
_Quem é?
_Sou eu ora, Paulo Freire, um dos teus maiores defensores!
_Mas, como é possível, tu já não tinhas passado dessa para uma melhor?
_ Da mesma forma que Machado de Assis precisou ressuscitar Brás Cubas, teu grito despertou-me . Do que reclamas?
_ De tudo meu caro! Acredita-me o senhor que ainda existem escolas onde o espaço pedagógico é totalmente desrespeitado?
_ Como assim? Pergunta ele.
_ Crianças, coitadas, sentadas no chão por falta de cadeira. Professores então, não têm outro material, a não ser o giz, e olhe lá! E o pior de tudo: conteúdos trabalhados sem levar em conta a realidade dos alunos.
_ Mas como? Eu pensei que isso já tinha acabado, até porque o método que eu criei vai totalmente contra a essa forma arcaica de ensinar, valoriza o diálogo e a libertação do ser humano. Defende também que um espaço digno é fundamental para se aprender. Por que estamos assim ainda?
_ Não sei, mas quero saber.E quero que todo mundo saiba também. Afinal, a maior vítima disso tudo sou eu!
_ E os alunos, Educação? E os alunos? Disse Freire.
_ Pois é, e não sabes do pior!
_ Conta-me então!
_ Existem alunos que são desrespeitados por suas crenças religiosas, sua cor, sua opção sexual, seu modo de falar(Bagno não me deixa mentir).
_ Isso é possível? Em pleno século XXI? Então o “Cidadão continua de papel”? Precisamos perguntar a Dimenstein.
_ Tanto é possível que é o que está aí.
_ E a questão ambiental?... A higiene, como está?
_ Isso aí é um problemão. Com relação à escola, alguns alunos não cooperam, jogam o lixo em qualquer lugar, menos no lixeiro! Problema de “educação”, que educação?...
_ E, já tem algo em mente para solucionar essas situações? Pergunta Paulo Freire.
_ Sim; por exemplo: se todos que formam a comunidade escolar refletissem sobre a importância de um ambiente limpo, digno; de como aulas dinâmicas aceleram a aprendizagem, e se as diferenças culturais tivessem o devido respeito, já teríamos um bom começo.
_ Concordo, mas para que essa idéia pule do papel, dê cambalhotas e torna-se concreta, é necessário uma coisa.
_ O quê? Me diz, me diz! Disse a Educação toda animada.
_ A mudança tem que acontecer em cada um.Se cada um fizer a sua parte, porém, não isoladamente, tudo vai pra frente.
_ Tens razão! Disse a Educação,um pouco aliviada.
_ Agora tenho que ir, é tarde.
_ Não Freire, por favor, preciso de você para realizar este projeto.
_ Mas existem tantos outros que te ajudarão com eu, és muito importante, és um direito social, não te abandonarão, vão te ajudar!
_Se é assim, tudo bem, afinal, já deste tua valiosa parcela de contribuição. Não criaste apenas um método de alfabetização, mais que isto, criaste uma concepção de educação.
_ Pois é amiga, tenha fé. Com certeza te Darão o valor que mereces.
Dessa forma, Paulo Freire se foi. Foi fazer a “ leitura de outro mundo”.
Esses dias, a Educação conversando comigo, pediu que passasse o seguinte recado:
_ Se alguém quiser ajudar-me a colocar meu projeto em prática, é só procurar-me, e eu aceitarei muito satisfeita.
Disse-me apenas isso, e saiu correndo, gritando mais uma vez e pedindo ajuda por aí.
Freire desperta novamente, e com voz sonolenta e aspecto de quem desperta de um sonho, pergunta:
_ Alguém pode me dizer que História é essa da criação de “ Escolas Integrais’’ em minha terra?
_ “ Milagres Acontecem”!!!???

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