Professora Maria Perpétua Teles Monteiro
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sábado, 18 de abril de 2009

DIA NACIONAL DO LIVRO INFANTIL

Dia 18 de março é o dia em que, aqui no Brasil, comemoramos o dia do livro nacional infantil. Um dia em homenagem ao nascimento de Monteiro Lobato (18 de abril de 1882).
Emília

UM POUCO DE HISTÓRIA...

No Brasil a Literatura Infantil tem início com obras pedagógicas e, sobretudo adaptadas de produções portuguesas, demonstrando a dependência típica das colônias. Essa fase embrionária da Literatura brasileira é representada em especial por Carlos Jansen (Contos seletos das mil e uma noites, Robinson Crusoé, As viagens de Gulliver a terras desconhecidas), Figueiredo Pimentel (Contos da carochinha), Coelho Neto e Olavo Blac(Contos pátrios) e Tales de Andrade(Saudades).
Foi no século XIX com Monteiro Lobato que, entre nós, se abriu, caminho para que as inovações que começavam a se processar no âmbito da literatura adulta (com o modernismo) atingissem também a infantil.
Com ele tem início a verdadeira Literatura Infantil brasileira. Com uma obra diversificada quanto a genro e orientação, Lobato cria uma Literatura centralizada em algumas personagens, que percorrem e unificam seu universo ficcional. Um dos seus grandes achados foi mostrar o maravilhoso como possível de ser vivido por qualquer um. Misturando o imaginário com o cotidiano real, mostra, como possíveis, aventuras que normalmente só podiam existir no mundo da fantasia. No sítio do Pica-pau amarelo vivem Dona Benta e Tia Nastácia, personagens adultas que orientam as crianças (Pedrinho e Narizinho), outras criaturas (Emília e Visconde de Sabugosa) e animais como Quindim e Rabicó.
Ao lado de obras marcadamente didáticas Lobato escreve outras de exploração do folclore ou resultantes da pura imaginação com o sem o reaproveitamento de elementos e personagens da literatura tradicional.
É somente no século XX que a Literatura Infantil rompe com o tradicional. Essa fase pós-lobatiana(a partir dos anos 60/70 ) aponta uma multiplicidade de caminhos, tendências, estilos ou diretrizes que se cruzam na enorme produção literária infanto/juvenil brasileira.
Nesse sentido Coelho (1991) apresenta uma visão panorâmica das obras que apresentam valor literário original (criativas) distribuindo-as em duas grandes áreas: a do questionamento e a da representação. As que se integram na primeira área são classificadas como obras inovadoras e as da segunda área, de obras continuadoras. O que as diferenciam entre si é, basicamente, a intencionalidade que as move: as primeiras questionam o mundo. Procurando estimular seus pequenos leitores a transformá-lo, um dia; as segundas representam o mundo, procurando mostrar os caminhos ou os comportamentos a serem assumidos ou evitados para a realização de uma vida mais plena.
Ambas as diretrizes cumprem papéis importantes e complementares no processo de evolução em que estamos envolvidos e no qual tradição e inovação se defrontam. Enfim, o que hoje define a contemporaneidade de uma literatura é sua intenção de estimular a consciência crítica do leitor; levá-lo a desenvolver sua criatividade latente, dinamizar sua capacidade de observação e reflexão em face do mundo que o rodeia, torná-lo consciente da complexa realidade-em-transformação que é a sociedade e onde deve atuar quando chegar a sua vez de, pela participação, exercer a cidadania ativa no processo em vive o mundo e a humanidade.
Nessa perspectiva a literatura contemporânea assume tendências temáticas e estilísticas que se impõem com força na produção literária infanto/juvenil onde passado e presente de fundem para gerar novas formas. Como representativos dessas tendências, cita-se:

• Linha do realismo cotidiano que vem sendo explorada em quatro aspectos principais:
1- Realismo crítico (participante ou conscientizante). Obras atentas á realidade social orientada por uma perspectiva político-econômico-social, como as encontradas em Ruth Rocha, Ary Quintella, Euclides Marques de Andrade, Odette Barros Mott, Carlos Marigny, Sergio Caparelli, Luiz Puntel, Werner Zortz, Ana Maria Machado, Henry Correa de Araújo, Ganymedes José, Wander Piroli, Carlos Marinho, Carlos Moares, entre outros;
2- Realismo lúdico. Obras que enfatizam a aventura de viver, as travessuras do dia-a-dia, a alegria ou conflitos resultantes do convívio humano. Exemplos:A bruxinha e o Robô Supertudo(Edson Garcia), O domador de monstros(Ana Maria Machado), Esta vida sem fantasmas não tem graça(Lais Carr Ribeiro), O empinador de estrelas(Lourenço Diaféria), O homem do violão quebrado(Camila Cerqueira), Marcelo, marmelo, martelo(Ruth Rocha), entre outros.
3- Realismo emotivo ou Humanitário. Obras atentas ao convívio humano dando ênfase às relações afetivas, sentimentais ou humanitárias de onde pode-se citar: As muitas mães de Ariel(Mirna Pinsky), A cor do azul( Jane Tutikian), De piolho a Garrote(Pedro Bandeira), Zé diferente(Lúcia Góes), entre outros;
4- Realismo documental. Obras orientadas por uma intenção predominantemente informativa ou didática com objetivo de informar ao leitor, revelar-lhe ou explicar-lhe fenômenos do mundo natural ou de determinados setores da sociedade ou de certas regionais do país, com seus costumes, tipos, linguagem, etc. Nesse grupo pode-se incluir: Expedição aos martírios(Francisco Marins), Do outro lado do mar(Ganymedes José), O menino dos Palmares( Isa Silveira Leal), entre outros.

• Linha do Realismo mágico que explora situações resultantes da fusão do Real com o Trans-Real ou Maravilhoso. São obras em que as fronteiras ebtre a Realidade e o imaginário se diluem fundindo-se para dar lugar a uma terceira realidade onde as possibilidades de vivências são infinitas e imprevisíveis. São exemplos: A árvore que dava dinheiro (Domingos Pellegrini), A fada desencantada(Eliane Ganem), A terra dos meninos pelados((Graciliano Ramos), Série da vaca voadora(Edy Lima), O viajante das Nuvens(Haroldo Bruno), entre outros.

• Linha do maravilhoso que explora situações fora do nosso espaço/tempo conhecido ou acontece em local vago ou indeterminado na Terra. São narrativas e podem assumir cinco conotações diferentes: a metafórica, a satírica, a científica, a popular ou folclórica e a fabular.entre estes encontram-se:
a- Maravilhoso Metafórico (simbólico). O azulão e o sol(Walmir Ayla), O menino que veio do mar(Luiz Paiva), Uma idéia toda azul(Marina Colassanti);
b- Maravilhoso Satírico. A fada que tinha idéias( (Fernanda Lopes de Almeida), Histórias meio ao contrário((Ana Maria Machado), O Reizinho mandão e O rei que não sabia de nada(Ruth Rocha);
c- Maravilhoso popular ou folclórico. Contos dos meninos índios( Hêrnani Donato), O velho, o menino e o burro(Ruth Rocha), O misterioso rapto de flor Sereno(Haroldo Bruno); Histórias dos índios do Brasil(Walmir Ayla);
d- Maravilhoso fabular. Histórias do fundo do mar(Lúcia Machado), Maria vai com as outras(Sylvia Orthoff), A primavera da lagarta(Ruth Rocha), O burrinho que queria ser gente(Herberto Sales), entre outros.

• Linha do enigma ou Intriga Policialesca. O caso da estranha fotografia e toda a série dos irmãos encrenca. Detetives por acaso(Carlos Marigny), A droga da obediência(Pedro Bandeira), O rapto do garoto de ouro(Marcos Rey), entre tantos outros.

• Linha da literatura Imaginalística. Incluem-se nessa diretriz todas as obras cujo fator estruturante básico é o desenho, as figuras, as imagens. Destacam-se nesta área: ZIRALDO, Ângela Lago, Eliardo França, Elvira Vigna, Marina Sendacz, Walter Ono, Luís Camargo, entre outros.

• Linha Experimentalista. Explora processos de metalinguagem e de intertextualidade. Expressam a consciência do ato-da-escritura criadora. É a história da própria história, ECT. Têm-se como exemplo: Chapeuzinho amarelo de Chico Buarque, História dos país dos avessos( (Edson Garcia), entre tantos outros.


BIBLIOGRAFIA
COELHO, Nelly Novaes. Literatura Infantil: teoria, análise, didática.São Paulo, Ática, 1991.
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: teoria e prática. 4ª Ed.São Paulo, Ática,

(Imagem disponível em: http://images.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade...)

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